Você se lembra do hit “Gangnam Style”? Acredito que sim, afinal, esta música do Psy teve o primeiro clipe da história a bater um bilhão de visualizações no YouTube, no ano de 2012. Dois anos depois, alcançou nada menos do que dois bilhões de visualizações.
Há pouquinho tempo, em julho deste ano, foram registrados 4,1 bilhões de acessos ao vídeo, que foi lançado originalmente na Coreia do Sul e atingiu o mundo inteiro.
Talvez você não saiba, mas esse é um vídeo de K-Pop, ou música popular coreana, fenômeno tamanho que fez disparar a procura por cursos de coreano no Brasil – um crescimento de até 85% do ano passado pra cá.
Aliás, a invasão coreana é tão expressiva que em setembro de 2021 o Dicionário Oxford de Inglês acrescentou 26 novas palavras ao léxico, todas de origem coreana. Já aproveita para atualizar o seu vocabulário: essa onda sul-coreana é conhecida como “hallyu”.
Mas por que os vídeos coreanos causam tanto furor? Vamos descobrir.
Vídeos para todos os gostos
Um fator que colaborou para a popularização do K-Pop é a qualidade de seus vídeos – ou MV’s (Music Videos). Eles se destacam pelos cenários, coreografias e têm uma paleta de cores inspiradora. A preocupação com a qualidade é tão forte que as gravadoras chegam a investir milhões nas produções.
Mas a fissura por vídeos não se limita a clipes de grandes grupos de música. A cultura coreana mostrou ao mundo uma enorme variedade de conteúdo, incluindo algumas bizarrices.
Uma delas é a Boki, uma sul-coreana que é conhecida por fazer o mukbang, prática onde a pessoa se filma comendo porções absurdas de comida. Inclusive, essa é uma tendência tanto no YouTube quanto no TikTok – os chamados mukbangers.
Parece besteira, mas Boki possui mais de 4 milhões de inscritos em seu canal no YouTube. A coisa é tão séria que, no último ano, Boki foi acusada de editar seus vídeos, o que provaria que na verdade ela não come toda aquela quantidade absurda de comida.
A onda mostra que a internet gosta de variedade e diversidade. Afinal, há muita coisa legal acontecendo fora dos EUA e do eixo ocidental.
Fatalmente, os vídeos atingem o público jovem, atualizado e crítico, e que não aceita produções mal feitas – e isso ajudou a aprimorar os produtos culturais coreanos.
Mas a cultura da Coreia do Sul também abre espaço para outro nicho: pessoas com 50 anos ou mais estão se tornando os principais consumidores e fabricantes da economia do país, incluindo as indústrias de moda e beleza.
Para a editora digital da Vogue Coreia, Hyeyoung Hwang, “a visibilidade dos idosos coreanos trabalhando nessas indústrias tem uma influência particularmente positiva, uma vez que as pressões para seguir as normas de idade são rigorosamente definidas”.
Um exemplo é uma vovó celebridade, de 74 anos, que registrou em junho deste ano 1,31 milhão de inscritos em seu canal no YouTube, o Koren Grandma. Esses criadores de conteúdo no YouTube e TikTok, que são um fator importante na mudança dos ideais de beleza e estão se tornando populares não apenas na Coreia, mas também no exterior.
O formato por trás do sucesso
Nós, seres humanos, somos naturalmente atraídos por conteúdo visual. Cerca de 90% da informação captada por nossos cérebros é visual, e nós processamos imagens 60 mil vezes mais rápido do que podemos processar textos.
– O vídeo nos permite selecionar elementos visuais e explicar ideias complexas de uma forma mais atraente e bem menos cansativa;
– O conteúdo visual nos mantém mais tempo atentos;
– Temos dificuldade, ou indisponibilidade, em manter a atenção numa única coisa por muito tempo;
– O vídeo estimula nossas mentes e também nossas emoções;
– O apelo visual aumenta as chances de os leitores compartilharem o conteúdo.
Ou seja, os vídeos são uma ótima forma de se comunicar e a tendência é que esse formato seja cada vez mais usado, aproveitando novos recursos tecnológicos.
O futuro nos espera
Alguns analistas já enxergam uma terceira onda hallyu no mundo, com campo para o crescimento digital, especialmente em mercados como o de games e animação.
O governo sul-coreano mantém um projeto contínuo exportação e desenvolvimento da economia criativa. A ideia é fortalecer as pequenas empresas, sobretudo da área digital para manter o crescimento dessa indústria.
E pode ter certeza de que investimento e planejamento não faltam. Para Eric Nam, cantor de K-Pop, dois produtos de exportação da Coreia do Sul ainda darão muito que falar.
“O primeiro é a culinária, que já se expandiu para os Estados Unidos. E a outra são os produtos naturais e de saúde. As pessoas estão ficando mais preocupadas em comer bem, em ter hábitos saudáveis, e a Coreia está um passo a frente nesse quesito.”
Por aqui já fomos impactos pelos bento cakes, pãezinhos no vapor, moda, beleza, dancinhas e até pelas abdominais asiáticas. Essas e outras tendências são consumidas e reproduzidas nas nossas plataformas de conteúdo.
E você já foi atingido por essa onda coreana? Compartilha aqui nos comentários!