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Canais, Mastigado

Na internet, tudo muda tão rápido que uma rede social que estourou há menos de um mês pode hoje não ser mais essa Coca-Cola toda. Talvez ainda seja cedo para avaliar se a modinha passou ou não, mas uma coisa é certa: quando o Clubhouse aterrissou no Brasil no início de fevereiro, rendeu boas conversas e pautas. E claro, reforçou o grande dilema da sociedade moderna que é: ter ou não ter mais uma rede social?

Não tem resposta simples. Tudo depende do objetivo e das necessidades de cada pessoa e empresa. Esta pode ser uma reflexão para depois deste texto. Agora vamos por partes. Se tem uma coisa que aprendemos na internet é que um bom storytelling prende a audiência.

Entenda o rolê do Clubhouse: a cronologia (oficial) do Clubhouse começa em março de 2020 no Vale do Silício, Estados Unidos. Um grupo criou um app com o objetivo de reunir pessoas para conversar sobre diversos temas como tecnologia, marketing, comportamento, cultura, viagem, arte, dentre outros. Tipo um podcast interativo. Na época não deslanchou. Pandemia vai, pandemia vem e o ritmo da internet continuou intenso.

Até que este ano, Elon Musk, excêntrico ditador de tendências, deu as caras por lá e o negócio estourou. Nem mesmo a equipe do app tava preparada para tamanha exposição. Dados de um levantamento da Conversion indicam que desde 3 de fevereiro, o Clubhouse destronou o TikTok nas buscas.

O boom foi louco. De acordo com o Google, as buscas por “aplicativo club house” cresceram 4.850% no Brasil nos últimos dias. Contudo, mesmo mostrando um certo favoritismo, ainda é prematuro decretar o futuro do aplicativo. Hoje, ao que tudo indica pela queda no número de stories nas redes sociais, o frisson deu uma diminuída. Não é todo dia que você precisa concorrer com BBB, pandemia e tantas outras opções de entretenimento.

Ainda assim, tem muito brasileiro detonando por lá. O Thiago Nigro, do Primo Rico, foi um dos primeiros a bater 100k. Agora, ele tem 283k.

Claramente no início a expectativa era grande com relação as possibilidades inovadoras do Clubhouse. Imagina ter a oportunidade de ouvir grandes nomes da comunicação, CEOs, apresentadores, candidatos a Presidência? A teoria encanta, mas na prática há ainda algumas inconsistências, que podem aos poucos ir minando a popularidade do Clubhouse.

Vamos refletir um pouco?

> O app não é democrático. Quem tem Android ainda não pode participar. Isso já elimina uma galera. E no início isso até pode ter causado um buzz, mas depois as pessoas cansam de esperar.

> Há uma concorrência muito grande de assuntos, até mesmo no próprio app. O Clubhouse tem mesas e clubes com os assuntos mais diversos. É humanamente impossível acompanhar tudo. Dentro e fora do app. E quer saber? Que bom que estamos finalmente entendendo que precisamos priorizar.

> Existe o perigo de uma conversa informal se tornar uma palestrinha. No momento, cada sala do Clubhouse tem limite de 5 mil pessoas. Honestamente, alguns grandes nomes que estão lá não estão interessados em trocar ideia com uma massa. Isso não quer dizer necessariamente que sentar e ouvir é ruim, mas não é inicialmente a proposta do app. Um dos diferenciais do Clubhouse em relação aos podcasts, por exemplo, é exatamente você poder participar de uma roda de conversa em tempo real.

> Será que as pessoas estão mesmo interessadas em papos demorados? Ou será que o TikTok é sucesso exatamente porque os vídeos são curtos? Ainda há muita controvérsia na internet porque vivemos um dilema latente entre querer participar de tudo, mas não ter tempo e paciência para ler e interagir com coisas muito longas.

Ao analisar o Clubhouse de forma prática, ele é um app que mistura o melhor do podcast (áudios) com as comunidades do Orkut, as palestras relevantes do Ted Talks e o melhor e pior do ser humano. Isso quer dizer que há sim muito potencial a ser explorado na nova plataforma, mas alguns pontos de atenção são:

> Entre, conheça e sinta a vibe por você. Compreenda como aquilo poderia ou não se encaixar na sua vida e no seu negócio.

> Como toda rede social, o Clubhouse é uma oportunidade para empresas de comunicação criarem conteúdo que gerem valor. No entanto, até o momento, os perfis no app são para pessoa física. Isso quer dizer que um gerente de conteúdo, por exemplo de uma empresa pode criar comunidades com temas específicos para engajar de forma mais próxima com o público ou um CEO pode criar uma sala para reforçar os valores da marca.

Quando trabalhamos com conteúdo, toda nova rede social é uma forma de estarmos mais conectados com o público. Isso significa, no entanto, que cada rede deve ser estudada levando em consideração as suas especificidades em congruência com as necessidades da empresa. Olha esse case: o Nescau criou uma sala com convidadas especiais do esporte para uma conversa com seu Head de Marketing. O ‘NESCAU Sports Talk’ recebeu a paratleta Verônica Hipólito e a ginasta Flávia Saraiva.

Por fim, entenda que o Clubhouse pode ser uma das tendências digitais para 2021, caso as pessoas pensem em entregar valor nessas rodas de conversa e não simplesmente fazer uma auto promoção. Rede social – qualquer uma – é sobre troca. Cada vez mais, as pessoas querem seguir e participar do que faz diferença para elas. Portanto, que a gente na era do áudio busque menos monólogos e mais conversas.

Esta é uma ferramenta que está em expansão, pois ainda estava sendo construída. Potencial não falta. Basta entender como ele se aplica a você e sua marca.

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