O consumo de conteúdo não está caindo. Muito pelo contrário. Nunca houve tanta variedade de assuntos e canais. O que vem acontecendo, no entanto, é que a fonte de informação diária mudou, conforme apontam dados do mercado editorial brasileiro:
No impresso, a Veja perdeu 33,6% de seus assinantes, enquanto a Época perdeu 52,6% e a Exame, 38,9%. Comparando, a Veja passou de mais de 1 milhão de impressos em 2014 para 144.141 em 2020. É muita gente saindo fora!
Antes pensávamos que naturalmente isso era efeito dos on-lines. Mas não. As mesmas três revistas também diminuíram sua circulação no digital. No caso da Veja, -64,4%, da Época, -33,5% e da Exame -24,7%.
Isso não é um fenômeno único dessas publicações. O movimento é geral.
O que acontece, então? Seria o fim do impresso?
Ainda é cedo para dizer isso, mas há cada vez mais clareza sobre uma tendência em ascensão: a tecnologia e mídias sociais deram voz e espaço para outros canais de comunicação, que têm mais aderência com o seu público.
Seja por meio de newsletters muito bem curadas, podcasts, vídeos no Youtube, sites especializados, blogs.
A informação está disponível. Claramente. Só que os leitores ou consumidores estão mais seletivos. Falta tempo e a variedade é enorme. Então, a tendência é procurar fontes que você já sabe que te agradam. Desta forma, o jornalismo mais noticioso vem perdendo espaço para abordagens mais analíticas e qualitativas ou para pílulas de conteúdo no melhor estilo vídeos de 15 segs a no máximo 1 minuto.
Hoje, para ter sucesso, um canal de mídia precisa oferecer o que os leitores querem: ser essencial, prático e também influente. O olhar é de curadoria.
As newsletters, por exemplo, são um caminho promissor. Talvez você esteja se perguntando por quê exatamente. E os dados a seguir te responderão:
- O mundo tem mais de 4 bilhões de usuários de e-mail. A previsão é de um crescimento de 3% ao ano até 2024.
- Mais de 300 bilhões de e-mails são enviados todos os dias.
- 95% dos consumidores checam seus e-mails todos os dias. Mesmo que seja uma única vez.
Agora vamos falar de investimentos?
- O Substack, plataforma de disparo de e-mails, recebeu um investimento de 15 milhões de dólares em 2019;
- O LinkedIn lançou uma feature de newsletters dentro da sua plataforma no ano passado;
- A newsletter de tech Morning Brew teve o seu valor avaliado em US$ 75 milhões;
- A Forbes lançou, este ano, a sua plataforma de newsletters, que vai permitir que jornalistas ganhem dinheiro com assinatura
- Ainda este ano, o Twitter comprou a Revue, plataforma de newsletters, e cortou a taxa pela metade para incentivar criadores a monetizarem sua audiência por ali
- A Hubspot comprou a newsletter The Hustle
- E por fim, parece que o Facebook também está desenvolvendo a sua própria versão de uma plataforma de newsletters.
O interesse financeiro nas newsletters reafirma o valor deste segmento. Sendo assim, esta é uma possibilidade iminente.
Porém, é preciso ter calma. Fazer conteúdo pago não é moleza. Até porque ~normalmente~ ele não começa como algo pago.
Essa talvez seja a PRINCIPAL diferença entre o que era e é produzido pelos jornais pro que é produzido hoje de forma mais nichada na internet. Muita gente tem projetos incríveis, mas nem todos conseguem se sobressair no universo digital. A concorrência é feroz e sobreviver ao início de uma implementação sem custo é uma aposta.
Por isso, é provável que a mídia impressa não desapareça e sim mude os formatos. Afinal, já há uma logística bem estruturada de anunciantes. Eles conhecem uma parte do caminho das pedras, né?
No entanto, o alerta é: enquanto a imprensa tradicional e as marcas não entenderem COMO devem se reciclar para conversar com sua audiência os números vão continuar caindo e novos formatos vão continuar surgindo.
Basta saber quem conseguirá florescer!