Na palma da mão o tempo todo pipoca uma notificação: do email, do like, da mensagem, da previsão do tempo, dos compromissos, da promoção. A vida online percorre um tempo-espaço além do possível e real. Um turbilhão de informações, estímulos, conflitos. Uma competição incessante de atenção estabelecida entre os mais diversos meios e opções sem fim de formato e conteúdo.
Uma pesquisa da Wonder levantou que pessoas recebem, em média, de 32 a 85 notificações por dia. Na América do Norte, cerca de 671 milhões de push são enviadas, entre as 18h e 20h – diariamente. Somos bombardeados.
Não estamos aqui para falar sobre atenção plena, mindfulness ou a vida fora da internet, ainda estes não sejam assuntos a serem descartados. Mas sim como nós, criadores de conteúdo, podemos (ou devemos) usar de uma verdadeira intenção ao publicar mais uma informação nesta grande nuvem de movimentos frenéticos chamada internet.
Não há nem um microssegundo que não haja qualquer interação online – no meu bairro, no seu, na sua cidade, no Brasil ou no mundo, e não serei eu a pessoa a levantar a bola de que fora do planeta Terra também não. Em janeiro de 2020 foram registrados mais de 1 bilhão de usuários mensais ativos no Instagram (o que equivale à 71% da população da China, o país mais populoso do mundo), com mais de 100 milhões de fotos e vídeos publicados por dia. E é muito possível que você e a sua marca, como criadores ou espectadores, façam parte deste número.
E dentre tantas opções ˜de conteúdos, assuntos, pessoas, formatos, línguas e cores~, por que você consome o conteúdo que consome? O que te faz, com toda a internet e o mundo offline à disposição, estacionar o dedo e fixar os olhos em um só post? Onde está o gatilho do seu interesse? IDENTIFICAÇÃO.
Os olhos acompanham a pausa dos dedos na tela quando os elementos de um conteúdo têm a ver com os meus interesses. As cores, as pessoas, os textos, o tempo, os contextos. Todas as referências constroem uma relação, ainda que inconsciente. É preciso identificação para a conversão – seja ela medida em tempo, em follow, em like ou venda.
Dos perfis que você interage, aposto todos terem algum tipo de troca com os assuntos que te interessam. A arte, o produto, a pessoa, o lugar, a piada. Tudo o que impacta, o faz porque tem troca. E o mesmo acontece com o consumidor do seu conteúdo como marca. Em qualquer que seja a plataforma de comunicação, o elo entre interesse-consumo precisa ser construído.
Para existir essa comunicação efetiva com o outro lado da tela, é preciso compreender pelo menos uma parte do universo dela. Em qual momento da história os interesses da sua marca e do seu público se convergem?
Há tempos os processos da publicidade tentam aproximar marcas a pessoas. Todas as ações, sejam elas grandes ou pequenas, são pautadas em comportamentos que a marca supostamente teria se fosse uma persona. Nos conectamos muito mais com personagens do que com narrativas em si e não é de hoje: pessoas impactam pessoas.
A era dos criadores de conteúdo comprova o impacto das pessoas e da influência delas. Em essência, comunidades digitais não são nem tão distantes àquelas dos primórdios da humanidade. O boca a boca do bairro permanece no burburinho online.
De bate-pronto a internet pode parecer um lugar de caos, excesso de informação e irrelevância. Mas e se, ao criar mais um conteúdo no tanto de informação ao redor, pensássemos em pessoas? Se considerarmos as conexões formadas, as relações construídas, o interesse e o tempo investido.
Por trás das telas – de marcas e públicos – há pessoas, que criam e consomem. Deste jeito, todo número parece até ter mais valor.
Mastigamos três principais perguntas a serem feitas para o seu conteúdo antes de ser publicado. Afinal de contas, ele tem um objetivo a cumprir com a sua marca e com o seu público. Definitivamente não queremos que ele seja apenas mais um post no feed de alguém, não é mesmo?
1. Ele comunica com o seu público?
O desafio é entender se os elementos da sua marca estão “falando a mesma língua” que o seu target. Você tem algo a comunicar, e isso precisa ser feito da forma mais interessante possível para o seu público. Seu conteúdo precisa ser traduzido de forma atrativa, e estas soluções podem estar no formato, nas cores, nos elementos visuais, no áudio, nas palavras em destaque. A criatividade precisa ser trabalhada.
Antes de efetivamente consumir o seu conteúdo, ele precisa chamar atenção do seu público dentre os demais posts do feed dele. Não esqueça: conteúdo em rede social é uma competição de tempo e espaço.
2. Vale o tempo investido?
Você já conquistou a atenção do seu consumidor: ele finalmente fixou os olhos no que você tem a dizer. Valeu a pena? O seu conteúdo fez diferença para o seu público?
A gente não precisa querer mudar o mundo com um post. Mas o seu conteúdo valeu o tempo investido do seu consumidor? Ele é profundo? Educa? Entretém? Motiva? Inspira? Ele deixa a entender que a sua marca é uma boa fonte?
E aqui, vale chamar atenção às métricas tradicionalmente “menos vistas”, como a quantidade de vezes que o seu conteúdo foi enviado a alguém ou a quantidade de vezes que ele foi salvo. Estes números não só significam engajamento, mas algo um pouco mais profundo no relacionamento da sua marca com o consumidor, como a credibilidade do que você está comunicando.
Todo conteúdo efetivo precisa de uma entrega residual – nem que seja algo não tão palpável, como uma risada, um aconchego ou uma reflexão. Se ele é compartilhado com alguém ou salvo, significa que o objetivo foi concluído com sucesso. “Dica boa é dica compartilhada”, o clichê do boca a boca cabe aqui também.
3. É um conteúdo vivo?
Já falamos sobre a quantidade de conteúdo disponível nesse universo cibernético. Falamos também que na produção de conteúdo e no consumo dele, tudo é feito por pessoas. E nós estamos longe de sermos estáticos – ainda bem. Mas e o seu conteúdo? Como é que ele anda?
Sua marca precisa estar atenta ao que o consumidor fala, principalmente se isso é feito nos comentários ou inbox das redes sociais. Mas também seria bastante interessante se ela estivesse inserida nas conversas que este público tem paralelamente na internet. Mas calma, você não precisa ser um grande stalker do seu consumidor.
Seguir um planejamento de comunicação é essencial. Mas num cenário tão movimentado quanto a internet, você precisa acompanhar o que acontece no mundo online. Seu conteúdo precisa estar atento ao universo em que está inserido. O tempo da rede social é diferente do tempo offline: tudo voa. Os assuntos são muitos, os memes são vários. O que o seu público tem consumido? Quais são os universos de interesse comum entre a sua marca e ele? De qual maneira a sua marca pode ser traduzida também a estes assuntos?
Além de criar identificação com o seu público, sua marca também pode “surfar na onda” dos assuntos mais falados do momento. Isso traz à tona o quão integrado ao ambiente você está, construindo ainda mais credibilidade e alimentando o seu relacionamento com o público. Por aqui, chamamos de “conteúdo de oportunidade“. Já tem tudo mastigado para você saber mais sobre.